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25 de Abril de 2024

Como crianças jogando Fortnite estão ajudando o crime organizado

Um investigação do jornal The Independent sobre o mercado negro de V-bucks (moeda do Fortnite) revela a escala das operações de lavagem de dinheiro

Publicado por Guilherme Schaun
há 5 anos

 Criminosos estão usando a moeda interna do jogo Fortnite (V-bucks), que é um dos maiores e mais jogados jogos virtuais dos últimos tempos, para lavar dinheiro, segundo The Independent.

 O jogo online, de estilo battle royale, tornou-se popular entre crianças e adolescentes pois é gratuito para jogar e está disponível em todas as principais plataformas hoje. O dinheiro gasto no jogo está atrelado a roupas e designs de personagens, que são modificáveis. No jogo, o usuário pode comprar trajes e modificações estéticas para armas e outros itens, o que se tornou um meio de lavar dinheiro atrativo aos cybercriminosos.

 Cartões de crédito roubados/furtados estão sendo utilizados corriqueiramente para comprar a moeda do jogo - meio para adquirir os itens esteticamente modificáveis - na loja interna do jogo. Após a primeira operação, as moedas são revendidas com preços mais baixos aos jogadores, tornando o dinheiro efetivamente "limpo" e pronto para livre circulação no mercado de capitais.

 Uma investigação da revista britânica The independent no mercado negro de V-bucks, junto da empresa de seguridade virtual Sixgill, revelou a escala das operações de lavagem de dinheiro.

 As moedas com desconto estão sendo vendidas a granel na dark web - uma seção escondida da internet apenas acessível para especialistas -, bem como em porções menores na internet comum, com anúncios em redes sociais como Instagram e Twitter.

 Apresentando-se como potenciais compradores, os agentes da Sixgill descobriram operações internacionais conduzidas em chinês, russo, espanhol, árabe e inglês.

"Criminosos estão fraudando cartões de crédito e adquirindo dinheiro a partir do sistema do Fortnite com impunidade" contou Benjamin Preminger, um analista de inteligência sênior da Sixgill, em relato à The Independent.

 Com mais de 200 milhões de jogadores no mundo, o jogo gerou um lucro de 3 bilhões de dólares em 2018 para a Epic Games, desenvolvedora do jogo.

 O lucro dos criminosos com lavagem de dinheiro a partir do jogo ainda é indeterminado, já que a Sixgill apurou que itens do Fortnite arrecadaram no Ebay mais de 250 mil dólares em um período de 60 dias ano passado, por exemplo.

 Dentre outras descobertas da Sixgill está a correlação entre as menções de Fortnite na dark web e o crescimento do rendimento financeiro do jogo.

 Um vendedor da dark web visto pela The Independent afirma que oferece V-bucks com desconto como forma de caridade. "Eu sou rico para c***lho", ele escreveu na descrição do produto, "agora é hora de dar de volta à deep web com uma quantidade absurda de desconto".

 O vendedor aceita criptomoedas como pagamento, o que dificulta a fiscalização e rastreamento pelas autoridades policiais e agências reguladoras.

 Outra pesquisa, em separado, conduzida pela equipe de TI da Zerofox, encontrou 53 mil incidências de golpes virtuais relacionados a Fortnite entre início de setembro e início de outubro de 2018. Há uma estimativa de que 86% dos golpes foram inicialmente compartilhados em redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter.

 A desenvolvedora do jogo, Epic Games, não respondeu à tentativa de contato da The Independent e especialistas em segurança afirmam que ela não está fazendo o suficiente para prevenir atividade ilegal na sua plataforma.

"Epic Games não parece estar tentando evitar de nenhuma maneira mais séria a atividade criminosa evolvendo Fortnite, como lavagem de dinheiro e outros", disse o Sr. Preminger.

"Enquanto terminar permanentemente com esse tipo de atividade criminosa é extremamente difícil, vários passos poderiam ter sido tomados para mitigar o fenômeno, incluindo monitoramento de transferências de alto valor dentro do jogo, identificação de jogadores com altas quantias de V-bucks e compartilhamento de informações com agências de fiscalização pertinentes"

Fonte: The Independent

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5 Comentários

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A matéria usa o nome do Fortnite por ser um dos games mais jogados no momento como se fosse a maior fonte de lavagem de dinheiro existente. Estratégia "Google" para chamar a atenção. O núcleo da matéria é o uso da criptomoeda como forma de lavagem de dinheiro, não o game em si, mas, o título é "Como crianças jogando Fortnite estão ajudando o crime organizado" uma tentativa barata de clickbait. continuar lendo

Na verdade, em leitura atenta, vais entender que a lavagem de capitais não se dá ao fato de serem vendidas com criptomoedas. As criptomoedas podem facilitar, mas não são o tópico central da matéria.

Organizações criminosas estão usando cartões furtados/clonados para efetuar compras de moedas do jogo e as revenderem com desconto, para limpar o dinheiro e dar aparência de proveito lícito. Essa revenda geralmente é realizada para jovens que buscam melhores preços, independente do meio de pagamento. continuar lendo

O fato de o jogo ser Fortnite não é estratégia de marketing, mas um reflexo da circulação de capital no jogo, como a própria matéria indica. continuar lendo

Concordo, não é apenas a criptomoeda, mas meu comentário questionou também o título "as crianças jogando Fortnite estão ajudando o crime organizado" Afinal, de que forma elas estão ajudando?

Ressalto que o jogo é muito mais jogado por adultos.
O jogo é free to play, não necessita a compra de qualquer tipo de moeda virtual ou objetos do game.

Enfim, se a matéria não explica porque crianças apenas jogando o game estão ajudando o crime organizado, se trata de clickbait.

A forma de lavagem citada no artigo é suscetível de ocorrer em qualquer tipo de transação envolvendo moedas virtuais, créditos virtuais, etc... Não sendo, portanto, exclusividade do game Fortnite. continuar lendo

A matéria mais se parece com uma tentativa clickbait.

A grosso modo, clickbaite é uma tática para gerar tráfego online chamando a atenção com títulos ou promessas exagerados. continuar lendo